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Introdução: O Espelho Negro

Aviso de Sistema Este não é um livro sobre tecnologia. É um livro sobre o que a tecnologia está fazendo com a sua biologia, sua alma e sua liberdade enquanto você lê este aviso.

Pare por um segundo. Sinta o peso do dispositivo em sua mão. Sinta a textura do vidro, o calor da bateria. Agora, tente lembrar: quando foi a última vez que você tomou uma decisão que foi inteiramente sua?

A música que você ouviu hoje cedo: você a escolheu ou o algoritmo a sugeriu? O vídeo que te fez rir (ou sentir raiva): você o buscou ou ele foi injetado na sua retina para manter seus olhos abertos por mais três segundos? A opinião política que você defendeu no jantar: ela nasceu da sua reflexão ou foi moldada pela arquitetura invisível do seu feed?

Se a resposta for desconfortável, é porque deveria ser. Você está vivendo dentro de uma máquina de previsão.

Você não é mais apenas um corpo biológico. Você foi duplicado. Existe uma versão de você feita de carne e osso, e existe uma versão feita de dados estatísticos — o Data Double.

O problema é que o sistema prefere o Duplo. Ele é mais previsível. Ele é mais lucrativo. Ele não cansa, não dorme e não reclama. E, aos poucos, o sistema começou a remodelar o mundo real para acomodar o Duplo, deixando a sua versão biológica — exausta, ansiosa e vigiada — para trás, como um resíduo obsoleto.

A Autópsia do Invisível

Eles nos disseram que a tecnologia era neutra. Disseram que a "Nuvem" era leve e imaterial. Mentiram.

Nas páginas a seguir, vamos realizar uma autópsia desse sistema. Vamos rasgar a interface bonita e polida do Vale do Silício para expor as engrenagens sujas que giram por baixo:

O Caminho da Retomada

Mas este livro não é um obituário da humanidade. É um mapa de fuga. Não para uma caverna (fugir é inútil), mas para uma nova forma de existir dentro e apesar da máquina.

Vamos aprender a usar a Ofuscação para nos tornarmos invisíveis em plena luz do dia. Vamos reivindicar nossos Neuro-direitos para que nossos pensamentos continuem sendo privados. Vamos explorar o Solarpunk para imaginar um futuro onde a tecnologia sirva à vida, e não ao lucro.

A era da inocência digital acabou. A era da Resistência Ontológica começa agora.

Respire fundo. A partir da próxima página, nada será automático.